Comunidade será ‘movida’ pelo Sol

Por Chailon Conceição, para O Fluminense

Voluntários vão instalar primeiro sistema de energia solar para geração de eletricidade no Quilombo da Grota, na Serra da Tiririca

Projeto é coordenado pela ambientalista Vânia Stolze, que promoveu sistema semelhante em comunidade do Rio. Foto: Julio Silva Projeto é coordenado pela ambientalista Vânia Stolze, que promoveu sistema semelhante em comunidade do Rio. Foto: Julio Silva

A partir do mês que vem, os voluntários do Projeto Quilombo Solar instalarão o primeiro sistema de energia solar para geração de eletricidade na comunidade tradicional do Quilombo do Grotão, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. A proposta é conciliar o desenvolvimento sustentável e uso da energia solar com a preservação das comunidades tradicionais e sua cultura popular. Além de promover uma fonte limpa, gratuita, renovável e a*****nte no País, as comunidades participantes receberão orientações e descontos em sua conta de luz com o excedente da produção. A previsão é de que a comunidade das Andorinhas também seja beneficiada.

Orçado em R$ 40 mil, o projeto coordenado pela ambientalista, ativista, educadora ambiental e consultora em energia solar, com larga experiência no treinamento de jovens no Brasil e no exterior, Vânia Stolze, de 53 anos, prevê a capacitação de vinte jovens residentes no Engenho do Mato em disciplinas diversas, tais como: energia elétrica, educação ambiental, cidadania, oficinas de objetos solares, empregos verdes, energia solar fotovoltaica, e na instalação das placas solares em uma das casas da comunidade.

Os moradores também participarão de oficinas de produção de lanternas e fogões solares.

“A iniciativa aqui em Niterói surgiu a partir da experiência que realizei junto ao Greenpeace na instalação do primeiro sistema solar de microgeração distribuída na comunidade do Morro dos Macacos, Vila Isabel. A partir daí, o presidente da associação dos moradores do Quilombo do Grotão nos procurou e, desde então, iniciamos este trabalho em Niterói. Nossa busca é integrar também o maior número possível de jovens nessas ações, pois sem eles não há como estabelecer uma verdadeira melhora de qualidade de vida. Eles são os agentes transformadores”, frisa Vânia Stolze.

Inicialmente todos os moradores interessados do entorno da Serra da Tiririca foram cadastrados para instalar as placas fotovoltaicas em suas residências para tornarem-se microgeradores de energia e se inserirem nas condições previstas pela Anatel.

O projeto busca agora, estimular à ampliação do mercado de empresas sustentáveis e geração de empregos verdes e mobilizar e mobilizar a gestão municipal para colocar em execução os recursos do orçamento municipal já previsto e destinado para estes fins.

De acordo com Vânia, o Projeto Quilombo Solar mantém uma página na internet (www.kickante.com.br/campanhas/projeto-quilombo-solar) para arrecadação de fundos que tornam possíveis todas as etapas do trabalho no local.

“Embora projeto tenha sido iniciado por um partido, o projeto nasce sem nenhuma verba e o financiamento coletivo entra na tentativa de nos dar autonomia no processo produtivo”, explica a ambientalista.

Qualidade de vida – A comunidade do Quilombo do Grotão é representada pela Acotem (Associação da Comunidade Tradicional do Engenho do Mato), criada na década de 90 pelo atual líder local, Renatão do Quilombo. A Acotem representa também outros sitiantes tradicionais, em especial descendentes de trabalhadores da antiga Fazenda Engenho do Mato e que querem ter acesso à tecnologia de placas fotovoltaicas para tornarem-se microgeradores de energia solar.

A instalação do primeiro sistema de energia solar em residência quilombola no Parque pretende servir de exemplo na preservação do meio ambiente em Niterói e no estado do Rio de Janeiro, inspirando os jovens participantes a ingressarem em empregos verdes, mobilizando cidadãos, além de cobrar do poder público a criação de políticas que valorizem e incentivem o uso de energias alternativas e renováveis.

De acordo com o presidente da Acotem, José Renato da Costa, de 47 anos, o projeto, ao colocar o uso da fonte de energia renovável, contribuirá para melhoria da qualidade de vida dos moradores.

“É um processo que vimos que dá certo. Nossa ideia é fazer a campanha dentro das normas do parque e mostrar que as comunidades não são nenhum empecilho para a sociedade. Estou otimista e confiante do sucesso do projeto”, diz José.

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