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Avaliação dos aspectos de Segurança do Projeto da Usina Nuclear Angra 3

 

Publicação – 6 – mar – 2012

Este estudo (Título original: “Expert Opinion on Safety Aspects of the Angra 3 Nuclear Project”) foi elaborado pelo Prof. Dr. Celio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, Brasil, por solicitação das ONG’s alemãs Greenpeace-Alemanha e Urgewald, para ser apresentado aos Deputados e Senadores do Parlamento Alemão que vão analisar a solicitação de crédito formulada pelo Governo brasileiro para as obras de conclusão da usina nuclear Angra 3.

Leia Abaixo a introdução do relatório:

Leia o documento completo

"Este estudo (Título original: “Expert Opinion on Safety Aspects of the Angra 3 Nuclear Project”) foi elaborado pelo Prof. Dr. Celio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, Brasil, por solicitação das ONG’s alemãs Greenpeace-Alemanha e Urgewald, para ser apresentado aos Deputados e Senadores do Parlamento Alemão que vão analisar a solicitação de crédito formulada pelo Governo brasileiro para as obras de conclusão da usina nuclear Angra 3.

O estudo mostra que os deslizamentos de terra que ocorrem com freqüência na região de Angra dos Reis são os principais problemas sob o ponto de vista da segurança do projeto de construção da usina Angra 3 na região. Tais problemas não estão sendo considerados pela empresa Eletronuclear e pelas autoridades responsáveis pela segurança das usinas nucleares no Brasil com a importância que os riscos de catástrofes impõem.

Este estudo também demonstra que existem vigorosos problemas com os Planos de Emergência e de Evacuação para situações plausíveis de ocorrência de interrupção do suprimento de energia elétrica nas usinas nucleares de Angra 1 e 2, em função dos deslizamentos nas encostas da região. Nenhuma ação concreta está sendo tomada pela empresa para reduzir ou afastar estes riscos.

Ainda, este estudo indica que é limitado o raio de 3-5 km que a empresa Eletronuclear considera para efeitos de evacuação (como o acidente em março de 2011 na usina de Fukushima no Japão demonstrou). Além disso, as rotas de fuga são precárias senão impeditivas, para o deslocamento em condições adequadas de uma quantidade significativa de pessoas, incluindo os próprios funcionários das usinas, e os moradores do entorno das usinas, cujo número pode chegar a 200 mil pessoas, se o raio de 20 km for considerado para o Plano de Evacuação.

Ainda, não é considerado o grande número de turistas que procuram a região no período de férias no verão, que é ao mesmo tempo a época de chuvas.

O estudo também mostra como o treinamento da população potencialmente incluída no atual Plano de Evacuação limitado aos 3 e 5 km, é precário e as condições de transporte desta população em situação emergencial são também precárias, e como são inexistentes as condições adequadas de abrigo para esta população no caso de ser removida por ocasião de um evento de exposição aos radioisótopos na eventualidade de um acidente nuclear similar ao verificado em março de 2011 na usina de Fukushima no Japão.

Em suma, a região de Angra dos Reis não é adequada para a instalação de usinas nucleares devido aos altos riscos de deslizamentos e os precários planos de emergência existentes.

Nestas condições, a construção de uma terceira usina na região de Angra dos Reis vai multiplicar os problemas e ampliar de forma desnecessária e irresponsável os riscos aqui apontados.

Frente aos problemas apontados neste estudo, e fartamente documentados, a empresa Eletronuclear apresenta apenas ações insuficientes e não efetivas para reduzir ou evitar tais problemas, e apresentar condições satisfatórias de segurança nas usinas nucleares existentes e projetadas na região de Angra dos Reis.

O acidente nuclear de Fukushima foi minimizado pelas autoridades nucleares brasileiras. As iniciativas governamentais foram evasivas, e os planos de construção de novas usinas nucleares não sofreram alteração.

O Brasil não depende da energia nuclear. A participação da energia nuclear na capacidade de produção de energia elétrica no Brasil é de apenas 1,8%. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 (MME/EPE, 2011) prevê nos próximos anos um extraordinário crescimento das fontes renováveis de energia, com uma expansão média anual de 12%, notadamente através da energia eólica, biomassa (cogeração a partir do bagaço da cana-de-açúcar e outros resíduos agrícolas, além do biogás) e a energia solar fotovoltaica. Estas três formas de produção de energia apresentam na Alemanha um formidável desenvolvimento tecnológico e uma capacitação técnica que poderia ser utilizada com grandes vantagens para ambos os países.

Considerando os grandes riscos aqui apontados, este estudo recomenda a não aprovação da concessão de crédito para a conclusão da construção da usina Angra 3."

 

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