Sem urânio de Itataia, País terá de importar

Publicado em 17 de julho de 2011  no Diário do Nordeste.

Com um cenário petrolífero internacional conturbado, fontes alternativas de energia têm sido cada vez mais buscadas, já apontando para o futuro e uma menor dependência dos derivados do petróleo. Além da intenção de ampliar a geração eólica e outras opções limpas, o Brasil tem como ambição ampliar o uso da controversa energia nuclear. Após quase 25 anos de estagnação, o governo federal voltou a retomar pesquisas e investir nessa fonte. De acordo com o Plano Nacional de Mineração 2030, a demanda pela matéria tende a crescer no País, “o que torna urgente o desenvolvimento de políticas que consolidem os estudos para a ampliação da produção nacional de urânio”. Para conseguir avançar nessa forma de geração, é fundamental a jazida de urânio de Itataia, situada em Santa Quitéria. O local é o maior depósito deste tipo de mineral do País.
Conforme o Ministério de Minas e Energia (MME), sem a entrada de operação da usina, o Brasil pode ficar dependente, nos próximos anos, do mercado internacional. “Os estudos de oferta e demanda apontam para um déficit de produção mundial nos próximos anos, impactando os preços do urânio no mercado internacional”, avalia levantamento do MME.

Projeto já atrasado
O problema é que o projeto de Itataia já sofreu atraso. Previsto, inicialmente, para operar já no fim de 2013, a mina foi prorrogada em um ano e meio, ficando apenas para 2015, por conta do licenciamento ambiental, que está sendo refeito, e da liberação de recursos para construção de uma adutora.
O consórcio recomeçou o processo em 2009, após questionamentos do Ibama e do Ministério Público Federal (MPF). Conforme informado pela assessoria de comunicação da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), o atraso, no momento, não deverá comprometer os planos do setor nuclear brasileiro.
“Para atender à demanda nacional, considerando as usinas em operação, Angra 1 e Angra 2 (no Rio de Janeiro), a duplicação da produção, em 2015, da mina de Caetité, na Bahia, cuja capacidade atual é de 400 toneladas/ano, será suficiente”, afirma a empresa.
No entanto, o INB pondera, afirmando que, para garantir a expansão nuclear no País, com a conclusão de Angra 3 e a construção de mais quatro usinas, “Itataia será fundamental”. Segundo o Ministério, essa demanda crescerá para mais de 1.000 toneladas anuais, em cerca de duas décadas, o que já tornaria a produção do depósito baiano (de 400 ton) insuficiente.

Novos sítios
De acordo com o INB, o setor de prospecção voltou a buscar novos sítios no intuito de desvendar mais localidades ricas em urânio no Brasil. “Já identificamos outros locais promissores à existência de novos jazimentos”, informou a INB, sem revelar os lugares. A empresa, contudo, deixa claro que, mesmo com o advento de novas potenciais minas no País, o projeto cearense será lavrado.

Produção
Contando com uma receita líquida anual entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões, o empreendimento, considerado o mais importante do INB, deverá produzir 1.200 toneladas por ano, o triplo do que é gerado atualmente em Caetité, único local explorado pela INB. Posteriormente, projeta-se que essa carga passe para 1.600 toneladas.

Venda externa cogitada
A atual produção brasileira é totalmente voltada à geração de energia em Angra 1 e Angra 2, mas, de acordo com o Ministério, com a exploração em Santa Quitéria, o Brasil poderá começar a pensar em exportação.
China e Coreia do Sul seriam os principais mercados consumidores. Todavia, por conta de problemas na produção de Caetité, o governo federal já foi obrigado, inclusive, a importar o produto.

Operação postergada
2015 é o novo prazo dado pela INB para que a Usina de Itataia comece a operar. Antes, o projeto estava previsto para 2013. Atraso deu-se pelo licenciamento ambiental, que está sendo refeito. (VX)

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