Menores têm câncer de tireoide por acidente nuclear no Japão

Da Articulação Antinuclear Brasileira
 

Pelo menos 57 jovens, em Fukushima, desenvolveram câncer após tsunami em 2011

Um estudo sobre o impacto das radiações da catástrofe de Fukushima revelou que 103 crianças e adolescentes da região, menores de 18 anos no momento do acidente, desenvolveram câncer de tireoide confirmado por cirurgia ou altamente provável, mas a relação com o desastre atômico ainda não foi confirmada.

Um comitê de acompanhamento da saúde dos habitantes fez testes com c

erca de 300.000 jovens da província de Fukushima (nordeste).

Outro adolescente foi operado, mas o nódulo extraído era benigno.O número de casos de câncer confirmados após a cirurgia é de 57 atualmente. Os 46 casos restantes não são 100% seguros, mas a probabilidade é muito alta.

O número, que consta no relatório do Comitê de Investigação Sanitária da prefeitura de Fukushima, revela o aumento de sete casos em relação aos dados apresentados em maio passado.

Os dados referem-se às análises feitas até 30 de junho e mostram que foram detectados 103 casos duvidosos desse tipo de câncer entre as 300 mil pessoas submetidas a

análises na região e que eram menores na época do acidente nuclear.

A comissão de peritos considerou que até agora “é difícil” determinar uma consequência direta entre os casos de câncer e as radiações da central após o acidente.

Os jovens diagnosticados com câncer tinham, na época do acidente, média de idade de 14,8 anos. Os números mostram ainda que 30 em cada 100 mil pessoas desenvolveram o câncer de tireoide na região.

Em outras áreas do Japão, a incidência desse tipo de câncer é de 1,7 pessoa, número muito mais baixo.

Os pais das crianças afetadas não conseguem evitar pensar que a causa é a exposição às radiações (e sobretudo ao iodo 131) nos primeiros dias após o acidente.

A tireoide é uma esponja de iodo (matéria-prima para a fabricação dos hormônios da tireoide), sobretudo nas crianças em crescimento. Por isso, esta glândula é particularmente vulnerável às emissões de iodo 131 radioativo em caso de acidente nuclear.

Assim, é recomendada a absorção de iodo estável com o objetivo de saciar e inclusive saturar de antemão a tireoide. Esta medida não foi aplicada no caso de Fukushima.

As autoridades japonesas decidiram há pouco tempo fornecer iodo estável aos habitantes mais próximos dos reatores que podem voltar à atividade em um futuro próximo, começando pelos chamados Sendai 1 e 2 no sudoeste.

Até o momento, o parque japonês de 48 unidades está parado (sem contar os seis de Fukushima Daiichi saqueados e condenados ao desmantelamento).

Estudo recente da Organização das Nações Unidas reconhece a possibilidade de aumento do risco de câncer de tireoide entre as crianças mais expostas à radiação após o acidente de Fukushima, mas aponta como improvável uma grande alteração nas taxas gerais de câncer no país.

Com informações da AFP e Agência Brasil. 

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