Países disputam direito de explorar energia nuclear iraniana

GAZETA RUSSA
25 de fevereiro de 2016

ANDREI RETINGUER

Intensifica-se a competição pelo direito de construir usinas nucleares no país, que teve as sanções econômicas levantadas recentemente. Rússia, Coreia do Sul, China e Espanha participam da corrida para a cooperação com Teerã

Usina de Bushehr
Rússia terminou a obra da usina de Bushehr, que entrou em funcionamento em 2013 e foi considerada “O projeto de 2014” pela “Power Engineering” Foto:Reuters

Em janeiro, ONU, EUA e União Europeia levantaram as sanções econômicas impostas contra o Irã. Assim, o Oriente Médio reabriu um de seus maiores mercados, e grandes empresas, inclusive no campo da energia nuclear, já anunciaram planos de regressar.

O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, disse em janeiro que se os países ocidentais garantirem o investimento necessário, o Irã poderá construir em seu território de sete a oito usinas nucleares.

No mesmo mês, o Irã e a Espanha divulgaram estar elaborando um acordo para a construção de duas centrais nucleares.

Jogo múltiplo

Ainda no segundo semestre de 2015, o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã anunciou que Pequim e Teerã chegaram a um acordo para a construção de duas usinas nucleares no litoral sul do Irã pelos chineses.

Moscou e Pequim insistem na adesão do Irã à SCO
Moscou e Pequim insistem na adesão do Irã à SCO (Organização para Cooperação de Xangai – sigla em inglês)

“Hoje, uma série de países assume posição ativa para entrar no mercado nuclear iraniano, sobretudo a Coreia do Sul, que está promovendo mundialmente seu reator Smart [System-integrated Modular Advanced Reactor]”, diz Semion Dragúlski, diretor-geral da União Russa da Eficiência Energética.

Mas o próprio Irã parece apostar na cooperação com os cientistas nucleares russos, já que, em 22 de janeiro, o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, declarou à agência de notícias IRNA que a Rússia teria vantagem sobre outros países.

“O bloco energético de referência mais moderno para usinas nucleares, o ‘Tri Plus’ existe apenas na Rússia, e o Irã necessita de tecnologia avançada imediatamente. O país já perdeu muito tempo por causa das sanções, não pode esperar mais”, explica Dragúlski.

Forte no Oriente Médio

Iraque, Egito, Líbia, Síria e Argélia já contam com reatores de pesquisa nuclear construídos ainda durante a União Soviética, entre as décadas de 1960 e 1970. Além disso, muitos dos especialistas nucleares desses países se formaram na URSS.

Em Teerã, a companhia estatal russa de energia nuclear Rosatom finalizou a construção da usina nuclear de Bushehr, iniciada pelos alemães e com capacidade de 1.000 MW, que começou a ser operada em 2013.

Assim, a primeira usina nuclear iraniana foi o projeto de engenharia nuclear mais desafiador da história no setor, já que a Rosatom integrou equipamento russo nas estruturas de fabricação alemã – o que levou à adição de 12 mil toneladas de equipamentos alemão ao projeto russo.

A central nuclear de Bushehr foi classificada como “O Projeto de 2014”, pela revista especializada em energia mais antiga do mundo, a Power Engineering, publicada nos Estados Unidos.

“Apesar da enorme pressão que os russos sofriam com sanções, eles conseguiram construir no Irã a usina nuclear mais moderna, cumprindo com todas as obrigações e sem faltar com nenhuma das demandas da comunidade internacional. Após o início das operações usina nuclear de Bushehr, em Teerã, a confiança na Rússia é incondicional”, diz o pesquisador nuclear Aleksandr Uvarov.

O crédito russo foi confirmado em 2014, quando o país assinou acordos para construção de oito blocos energéticos, entre eles, dois novos blocos na usina nuclear de Bushehr.

Atualmente, o país negocia os detalhes do projeto e cerca de 50 especialistas russos estão no Irã  preparando o início dos trabalhos desde o início de 2016.

Além disso, a Rosatom se disse pronta a cooperar no país no setor não energético, como radiação de produtos agrícolas e produtos modificados.

“Essas tecnologias têm sido utilizadas com sucesso na Ásia, Europa e Estados Unidos, e podem ser relevantes também para o Irã”, diz Uvarov.

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