FUKUSHIMA : três anos depois, a convalescença continua

 

4 projetos « loucos » para cuidar de Fukushima

Por Ludovic Dupin – Publicado em 10 de março de 2014 no site www.usinenouvelle.com

De três anos para cá, autoridades e indústrias japonesas procuram soluções para assegurar o controle da central de Fukushima-Daiichi, destruída em 11 de março de 2011. O trabalho deles também visa descontaminar as terras dos arredores. Aplicam-se tecnologias totalmente inéditas. Revisão dos projetos « loucos » imaginados em Fukushima.

1. Raios cósmicos para confinar o combustível derretido

(o corium é o núcleo fundido juntamente com as estruturas metálicas internas ao vaso de reator também derretidas)

Quando ocorreu o acidente de Fukushima, os “núcleos” dos reatores acidentados se derreteram parcialmente. A matéria resultante, o ‘corium’ – mistura de combustível e de metal – será o elemento mais difícil de ser retirado para desmantelar a usina. A primeira etapa consiste em localizá-lo. Uma operação difícil! Ao derreter, o ‘corium’ se acumulou embaixo do reservatório (vaso) dos reatores, mas parte dele também escorreu (migrou) para o solo. Pior ainda, a matéria (o corium), em temperatura muito alta, atravessou parcialmente o base de concreto do edifício (a placa de concreto na sua base). Na situação atual, é impossível enviar meios robotizados ou humanos para localizar o ‘corium’.

Cientistas japoneses das universidades de Tsukuba e de Tokyo propõem utilizar as radiações cósmicas para diminuir tal problema. Trata-se de utilizar partículas de ‘alta energia’, os « muons », que têm a propriedade de atravessar facilmente a matéria. Essas partículas são, no entanto, contidas por matérias muito densas como o ‘corium’. Segundo os pesquisadores, cinco pontos de medidas utilizadas durante dois meses permitem localizar as diferentes partes do ‘corium’.

2. Um novo escafandro para ajudar os “desmontadores”

A sociedade nipônica Cyberdyne trabalha em uma nova versão de seu escafandro HAL (Hybrid Assistive Limb). Ela se destina a equipar os operários durante as operações de desmantelamento da central nuclear de Fukushima. Hal foi desenvolvido em 1977. Ele exigiu um ano de trabalho para estar adaptado aos meios radioativos, muito hostis para os sistemas eletrônicos. Esse escafandro permite multiplicar a força do portador.

De um lado, a vestimenta de proteção antirradiação de tungstênio de 60 kg não pesa mais nada para o operário. De outro lado, a armadura robotizada analisa os movimentos do trabalhador para aumentar a sua potência. A vestimenta também é ventilada e supervisionada para seguir à distância os sinais vitais do seu portador. Um tal equipamento custaria entre 15.000 e 20.000 dólares por peça. Até o momento, não há produção industrial prevista.

3. Gelar a terra para evitar a contaminação

Os vazamentos de água radioativa constituem-se, atualmente, na primeira urgência para Tepco, o responsável pela usina. Para esfriar os núcleos dos reatores é preciso injetar muitas centenas de metros cúbicos de água a cada dia. Em seguida, essa água contaminada deve ser estocada. Já são 350.000 toneladas acumuladas em centenas de reservatórios gigantes, alguns dos quais vazaram.

Para evitar massivas poluições do solo e do Oceano Pacífico, os japoneses imaginam a criação de um ‘permafrost’, 30 metros abaixo da central. Este muro de gelo, criado graças a uma injeção de azoto líquido, permitiria evitar toda e qualquer migração de partículas radioativas. Tal projeto, de 360 milhões de Euros, deveria ser finalizado no fim de 2015.

4. Uma supervisão espacial

A agencia espacial ucraniana e a Universidade de Tokyo assinaram um acordo para implantar conjuntamente um programa de supervisão espacial dos rejeitos radioativos no entorno da central de Fukushima e de Chernobyl. O projeto consiste em colocar em órbita oito pequenos satélites, de 50 quilogramas e 60 centímetros de diâmetro.

Eles serão concebidos pelo Japão e colocados em órbita por lançadores ucranianos. Eles ficarão situados a 600 quilômetros de altitude e farão fotos das zonas do entorno das centrais, a cada duas horas. Os satélites estarão igualmente acoplados a sondas que medem a radioatividade situadas no solo. O desdobramento está previsto para acontecer a partir de 2014.

Ludovic Dupin

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