Número de marinheiros dos EUA lesados pela radiação de Fukushima continua a subir

Publicado em 12 de janeiro de 2014 no Common Dreams.

Por Harvey Wasserman, 17 de janeiro de 2014,

Harvey Wasserman da página do ZSpace / ZSpace

Aumenta o número de marinheiros americanos que dizem ter a saúde prejudicada por conta da irradiação sofrida no desastre nuclear de Fukushima, durante o tempo em que prestavam ajuda humanitária.

Muitos têm entendido que o progresso na ação judicial coletiva tem sido muito lento. Petições estão circulando em todo o mundo em apoio, no site www.nukefree.org e em outros lugares.

O advogado Charles Bonner afirma que uma reapresentação vai ter de esperar até o início de fevereiro para acrescentar um fluxo constante de marinheiros do porta-aviões USS Ronald Reagan e de outros navios americanos.

Em um dos dias de março de 2011 de Fukushima, alguns americanos “socorristas” foram encharcados por uma chuva radioativa. Em meio a uma tempestade de neve, marinheiros relataram que uma nuvem de ar quente com gosto metálico derramou-se sobre o porta-aviões Reagan.

O então primeiro-ministro Naoto Kan, um apoiador da energia nuclear, disse naquele momento que “o primeiro derretimento ocorreu cinco horas após o terremoto.” A ação judicial acusa que a Tokyo Electric Power sabia que grandes quantidades de radiação estavam sendo despejadas no ar e na água, mas não disse nada para a Marinha dos Estados Unidos ou para o público.

“Se a Marinha tivesse conhecimento”, diz Bonner, “poderia ter tirado seus navios para longe do perigo”. Mas alguns marinheiros entraram no mar, perto da praia, para retirar vítimas com segurança. Outros trabalhavam em turnos de 18 horas ao ar livre em uma missão de quatro dias, reabastecendo e reparando helicópteros, carregando-os com suprimentos vitais. Todos bebiam e tomavam banho com água dessalinizada que tinha sido severamente contaminada por partículas radioativas.

Em outro momento, os membros da tripulação do Reagan foram encobertos por uma nuvem quente. “Hei” brincou a marinheira Lindsay Cooper na época. “É neve radioativa.”

O gosto metálico exalado era semelhante ao descrito pelos aviadores que lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima, e por moradores da Pensilvânia no acidente nuclear de 1979 de Three Mile Island.

Quando deixou a área de Fukushima, o porta-aviões Reagan estava tão irradiado que sua entrada foi barrada em portos do Japão, Coréia do Sul e Guam. Atualmente está atracado em San Diego.

A Marinha não monitorou sistematicamente os problemas de saúde da tripulação. Mas a marinheira Lindsay Cooper relata que a sua tireóide foi danificada, interrompendo o ciclo menstrual, e o seu peso corporal está descontroladamente flutuante, além de vários outros problemas. “Está me acabando”, diz ela.

Queixas semelhantes vieram à tona entre outros marinheiros do Reagan e de outros navios americanos, que Bonner diz que estão sendo contatados para serem novos litigantes no processo, em um número superior a 70 pessoas.

Muitos estão com seus vinte anos, queixando-se de uma série de terríveis doenças relacionadas com a radiação. Eles estão legalmente impedidos de processar o exército dos EUA. E a Tepco nega que quaisquer uns desses problemas de saúde possam estar relacionados à radiação de Fukushima. A empresa também diz que os EUA não tem jurisdição no caso.

A ação foi inicialmente descartada por problemas de jurisdição pelo juiz federal Janis S. Sammartino, em San Diego. Contudo, Sammartino decidiu ouvir a reapresentação em 06 de janeiro, e permitiu mais um mês para que os litigantes organizem marinheiros adicionais.

Bonner diz que a Tepco deveria se sujeitar a lei dos EUA, porque segundo ele, “eles [Tepco] fazem negócios na América. O segundo maior escritório, fora o de Tóquio, é em Washington DC”.

Como a ação judicial, as petições pedem que a Tepco admita a responsabilidade e estabeleça um fundo para os socorristas a ser administrados pelos tribunais norte-americanos.

Em 2013, mais de 150.000 cidadãos pediram para que as Nações Unidas assuma o controle da região de Fukushima para garantir o uso dos melhores recursos financeiros, científicos e de engenharia na limpeza da região.

Os núcleos derretidos das unidades um, dois e três ainda estão desaparecidos. O processo de reduzir o conjunto de combustível parado da unidade quatro está obscuro na melhor das hipóteses. Mais de 11.000 hastes “quentes” ainda estão espalhadas em torno da região, os níveis de radiação permanecem altos e cerca de 300 toneladas de água radioativa ainda vazam diariamente para o Pacífico.

Mas, com o apoio dos EUA, o Japão impôs uma lei de segredo de Estado restringindo com severidade notícias confiáveis ​​sobre o que de fato acontece em Fukushima.

Agora todos nós vivemos no mesmo tipo de obscuridade que envolveu o USS Reagan, enquanto sua tripulação estava imersa na missão humanitária.

Petições em apoio aos marinheiros estão circulando em todo o mundo nos sites NukeFree.org, MoveOn, Avaaz, RootsAction e em outros lugares.

Harvey Wasserman edita www.nukefree.org, onde petições estão circulando em apoio aos marinheiros. Ele escreveu Solartopia! Our Green-Powered Earth.

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