Coreia do Norte anuncia reativação de reator nuclear

Publicado em 2 de abril de 2013 na Carta Capital.

Planta nuclear norte-coreana é vista antes de uma torre de resfriamento ser demolida em Yongbyon, em foto de 27 de junho de 2008

Planta nuclear norte-coreana é vista antes de uma torre de resfriamento ser demolida em Yongbyon, em foto de 27 de junho de 2008 (REUTERS / Kyodo)

SEUL (AFP) – A Coreia do Norte aumentou nesta terça-feira 2 a tensão na Ásia ao anunciar que iniciava um processo de reajuste e reativação de todas as suas instalações no complexo nuclear de Yongbyon, incluindo uma usina de enriquecimento de urânio, desligada desde 2007, e um reator de cinco megawatts.

Este reator era a única fonte de plutônio para o programa nuclear militar norte-coreano, que tem reservas suficientes para produzir entre quatro e oito bombas. O urânio não é mais poderoso que o plutônio, mas é mais abundante no subsolo norte-coreano. As resoluções da ONU proíbem qualquer programa atômico no país.

Veículos militares sul-coreano passam por ponte temporária durante treinamento em Hwacheon, no dia 1 de abril. Foto:  Kim Jae-Hwan/AFP

 

Veículos militares sul-coreano passam por ponte temporária durante treinamento em Hwacheon. Foto:
Kim Jae-Hwan/AFP

O regime norte-coreano, que rejeitou diversas advertências dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, tem aumentado sua retórica bélica desde o lançamento bem-sucedido de um foguete considerado um disparo teste de um míssil balístico em dezembro. O país ainda realizou um terceiro teste nuclear, em fevereiro.

Apesar das novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Coreia do Norte não cedeu. Ao contrário, cancelou o armistício assinado com o Sul e terminou declarando que se encontrava em estado de guerra com Seul, 60 anos depois de um acordo interromper a guerra entre as duas Coreias.

O ministério sul-coreano das Relações Exteriores afirmou que se trata de um anúncio muito lamentável e pediu ao seu vizinho do Norte que “cumpra com os acordos e os compromissos do passado”. “Nós vigiaremos a situação de perto”, destacou um porta-voz da chancelaria sul-coreana.

Já a China afirmou lamentar o anúncio da Coreia do Norte e pediu moderação. “Tomamos nota dos anúncios da Coreia do Norte e expressamos que lamentamos”, declarou Hong Lei, porta-voz da chancelaria chinesa. “Convocamos todas as partes envolvidas a permanecer em calma e dar mostras de moderação.”

Esta decisão foi tomada em conformidade com a vontade do regime de “fortalecer (seu) arsenal nuclear tanto em qualidade quanto em quantidade” e é necessária para resolver a grave escassez de eletricidade, explicou uma autoridade citada pela agência de notícias oficial do regime comunista norte-coreano, a KCNA.

A Coreia do Norte, que se converteu em uma potência militar nuclear desde seu primeiro teste, em 2006, havia aceitado em 2007 interromper suas atividades atômicas em troca de uma ajuda econômica e garantias de segurança.

O processo parecia bem encaminhado depois da desativação de Yongbyon, em julho de 2007, e da demolição de sua torre de resfriamento, em junho de 2008.

No entanto, Pyongyang sempre se opôs às inspeções de suas instalações e em dezembro de 2008 se retirou das negociações internacionais sobre seu programa nuclear, nas quais participavam China, Estados Unidos, Japão, Rússia e as duas Coreias.

Em 2010, o regime norte-coreano revelou a cientistas americanos que estava trabalhando na construção de um reator nuclear, oficialmente para utilização civil, com urânio enriquecido.

Em fevereiro de 2012 sugeriu que tinha a intenção de suspender seu programa nuclear e de testes de mísseis depois de um acordo concluído com os Estados Unidos sobre ajuda alimentar. No entanto, este acordo terminou rapidamente depois de um disparo frustrado de foguete no dia 13 de abril, que também foi considerado por especialistas como um disparo de míssil balístico.

A menção de um reajuste ou de uma modificação de certos equipamentos do complexo de Yongbyon elevam o temor de que sejam convertidos – se já não tiverem sido – em uma unidade de enriquecimento capaz de produzir urânio para uso militar.

“A modernização da energia nuclear é uma chave (…) do desenvolvimento tecnológico para produzir armas nucleares mais leves, menores, de um nível muito diferente”, advertiu no líder norte-coreano Kim Jong-un no domingo.

Muitos observadores pensam que a Coreia do Norte realiza há vários anos atividades de enriquecimento em instalações secretas e que o terceiro teste nuclear foi realizado a partir de uma bomba de urânio.

Neste contexto, os Estados Unidos e a Coreia do Sul lançaram várias advertências a Pyongyang, indicando que responderão energicamente a qualquer provocação.

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