Publicado em 14 de setembro de 2012 no Terra.
Dois países que já estiveram entre os maiores defensores da energia nuclear impuseram na sexta-feira duros golpes a esse setor: o Japão decidiu que irá eliminar gradualmente suas usinas atômicas, e a França confirmou os planos de reduzir drasticamente seu uso.
O Japão produzia mais de 10% da energia nuclear global, mas desativou temporariamente suas usinas depois do acidente de Fukushima, em março de 2011. O país se junta agora a Alemanha, Suíça e Bélgica como nações que decidiram eliminar suas usinas atômicas e investir mais em energias renováveis.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, disse que seu país vai desativar as usinas até 2030, e que os recursos renováveis devem passar de cerca de 10 para 30% da matriz energética japonesa.
Em Paris, o presidente da França, François Hollande, confirmou sua promessa de campanha de reduzir a energia nuclear de 75 para 50% da matriz energética até 2025. Ao mesmo tempo, ele defendeu que a União Europeia imponha metas rigorosas de redução de emissões de gases do efeito estufa para 2030 e 2040.
"Temos uma estratégia ambiciosa", disse Hollande numa conferência ambiental, propondo uma redução de 40% nas emissões europeias de dióxido de carbono até 2030, e de 60% até 2040. Isso está bem acima da atual meta, de reduzir as emissões em 20% até 2020.
Os gases do efeito estufa são emitidos principalmente pela queima dos combustíveis fósseis – as usinas nucleares não são uma fonte importante.
A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses energéticos de países industrializados, disse compreender as motivações da França e do Japão, mas alertou para as consequências que isso pode acarretar para o clima e para os custos energéticos.
"Exceto pela energia nuclear e as renováveis, não temos muitas opções para produzir sem emissões. Se esses países acreditam que a diferença decorrente da redução da nuclear será 100 por cento preenchida por renováveis, eles estão errados. Haverá gás, carvão e até petróleo", disse Fatih Birol, economista-chefe da entidade, em Paris.