“Pequenas ajudas” da Eletronuclear à Prefeitura de Angra dos Reis…

É assim que se vai comprando o silêncio frente aos riscos, e nada se faz para melhorar efetivamente as condições de fuga em caso de acidente. Reproduzimos matéria da EBC – Agência Brasil.

Angra dos Reis terá mais recursos por causa de construção de usina nuclear

Alana Gandra, para a EBC

A Eletronuclear corrigiu de R$ 150 milhões para R$ 187,4 milhões o repasse para a prefeitura de Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, como contrapartida ao município por causa da construção da Usina Nuclear Angra 3.

Protocolo de intenções nesse sentido foi assinado hoje (14), conforme revelou à Agência Brasil o superintendente de Responsabilidade Socioambiental e Comunicação da Eletronuclear, Paulo Gonçalves. A estatal responde pela administração da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis, onde está sendo construída Angra 3 e funcionam as usinas Angra 1 e 2.

De acordo com a prefeita do município, Conceição Rabha, a correção do valor a ser repassado “é extremamente positivo, porque são recursos para minimizar os impactos sociais ocasionados pela construção de mais uma usina no complexo nuclear”.

Do total do convênio, R$ 20,2 milhões já foram repassados à prefeitura e utilizados na compra de equipamentos para o Hospital da Japuíba. Paulo Gonçalves informou que do total previsto para o projeto restam ainda R$ 12 milhões a serem aplicados no mesmo hospital, mas não revelou quando serão liberados.

Ele disse que vários projetos serão firmados com a prefeitura para as áreas de educação, saúde, saneamento, meio ambiente, segurança, prevenção e de controle da ocupação desordenada do solo. Ações que, segundo a prefeita, contemplam o projeto do “cinturão verde, que contém a ocupação desordenada e não permite a ocupação em área ambiental. São vários projetos que vão dar retorno à cidade, em termos de melhorias, e mitigar o impacto ocasionado por mais uma unidade nuclear em construção”.

O superintendente da Eletronuclear esclareceu que algumas obras públicas serão feitas em Itaorna, quarto distrito de Angra dos Reis, onde reside a comunidade mais pobre do município, no entorno da central nuclear.

A Eletronuclear e a prefeitura anunciaram dois convênios. Um, de R$ 10 milhões, para estudos de geoprocessamento do solo e georreferenciamento do município, coordenados pelas secretarias municipais de Meio Ambiente e de Defesa Civil. Conceição Rabha informou que esse convênio permitirá melhor monitoramento e adoção de ações de prevenção a enchentes e a deslizamentos. Os estudos servirão ainda de base para a necessidade de realocação de moradiashoje  em áreas de risco. O outro convênio, de R$ 1,9 milhão, será para o plano de emergência da Defesa Civil Municipal.

A expectativa é que novos convênios sejam assinados depois das eleições. A prefeita citou que um deles será para saneamento básico, “fundamental para nós, porque melhora a questão da saúde, da prevenção, da qualidade de vida”.  A melhoria do saneamento básico permitirá também qualificar as áreas de entretenimento e lazer do município, avaliou Conceição Rabha. “Ainda mais com a beleza de nossas praias, não tem como não investir nisso”, comentou.

A entrada em operação comercial da Usina Nuclear Angra 3 está prevista para 2018. Terá potência de 1.405 megawatts (MW) e será capaz de gerar 10 milhões de MW por ano – suficientes para abastecer as cidades de Belo Horizonte e Brasília também por um ano. Somadas, as três usinas da central nuclear fluminense produzirão 29,7 milhões de MW/ano – equivalentes a 50% do consumo do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, as usinas Angra 1 e 2 respondem por um terço do consumo estadual de energia.

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