Aya Takada e Chisaki Watanabe, para o Exame
Fazendeiros de verduras estão vendendo eletricidade em uma campanha do governo para impulsionar as reservas de energia renovável
Tóquio – A campanha do Japão para impulsionar as reservas de energia renovável após o desastre nuclear de Fukushima está produzindo alguns ganhadores improváveis: os fazendeiros de verduras.
Makoto Takazawa e seu pai Yukio ganharam 1,7 milhão de ienes (US$ 16.700) no último ano fiscal vendendo eletricidade de painéis solares pendurados de um toldo gigante sobre sua fazenda no leste de Tóquio.
O dinheiro foi quase nove vezes mais do que o que eles ganharam com os cultivos que crescem no solo.
Obter uma renda dupla com a luz do sol foi uma dádiva de Deus para os Takazawa. Eles fazem parte da maioria de fazendeiros japoneses que depende de uma combinação entre trabalho externo, pensões e subsídios do governo para viver.
O relaxamento das regras de uso da terra e exigências a empresas de energia como a Tokyo Electric Power de comprarem energia limpa a preços premium estão prontos para levar o derrame de painéis para mais fazendas.
“Eu estava quebrando a cabeça para imaginar o que fazer nesta terra que herdarei do meu pai um dia, porque plantar arroz e verduras não traz muito dinheiro”, disse Takazawa. “Então eu ouvi falar sobre o compartilhamento solar para terras cultivadas”.
O governo desmantelará um sistema de subsídios que tem apoiado a produção de arroz do Japão durante quatro décadas. O país sofre uma pressão cada vez maior dos parceiros comerciais para remover as taxas às importações para o grão, de 778 por cento, junto com impostos de mais de 300 por cento sobre o açúcar e a manteiga.
Takazawa, 51, ainda trabalha de tempo completo na venda de maquinária enquanto seu pai aposentado, 78, cuida da fazenda na prefeitura de Chiba na maioria dos dias. Outras 68 fazendas no Japão têm aprovação para seguirem seus passos e montarem painéis solares, segundo o JA Group, a maior organização agrária do país.
O tabuleiro de painéis pendurado em estacas a cerca de três metros sobre a fazenda em Chiba reduziu 30 por cento a luz do sol recebida pelas verduras sem prejudicar seu crescimento, disse o Takazawa mais jovem. O governo exige aos fazendeiros que fazem compartilhamento solar que mantenham a produção agrícola.
O Japão mais do que dobrou a capacidade de energia solar para 13.500 megawatts desde o começo de um programa de incentivos à energia limpa em julho de 2012, após o incidente de fusão nuclear, segundo dados do Ministério do Comércio que abrangem até fevereiro deste ano.
Mistura de energia
As usinas nucleares que produziam cerca de um terço da eletricidade do país antes do terremoto e o tsunami de 2011 continuam paradas.
Combustíveis fósseis como o gás natural liquefeito e o carvão agora representam 88 por cento da energia produzida no Japão, disse a associação de empresas de energia do país na semana passada.
Embora as fontes renováveis, que também incluem as energias eólica e geotérmica, representem somente 2,2 por cento da eletricidade gerada pelo Japão, os projetos novos aprovados apontam para a geração do triplo da energia solar, segundo dados do governo.
Conforme seu acordo com a Tokyo Electric, operadora das instalações avariadas em Fukushima, os Takazawa venderão sua produção solar a 40 ienes por quilowatt-hora mais impostos durante duas décadas.
Financiamento com descontos
A Japan Finance, credora afiliada ao governo, adoçou a oferta com um empréstimo de 12 milhões de ienes com juros baixos para o projeto. A maior parte da soma foi usada para comprar painéis solares da Looop, empresa de capital fechado com sede em Tóquio que fabrica os equipamentos na China, segundo Takazawa.
Os Takazawa, que cultivam inhame, batata-doce, abóbora, arando e verduras folhosas, disseram que o rendimento de algumas das plantas aumentou sob abrigo dos painéis porque o solo reteve mais umidade.
“As comunidades agrícolas têm muitos recursos sem usar para a energia limpa”, disse Masahide Sugimoto, diretor auxiliar da divisão de políticas sobre energia renovável do Ministério da Agricultura. “Queremos que as pessoas os usem”.