Suspeita de incidente radioativo

Publicado em 9 de fevereiro de 2014 no Diário de Cuiabá.

Secretaria de Segurança acionou equipe de especialistas que trabalhou com caso de contaminação por césio 137 em 1987 em Goiânia 

Contaminação com material radioativo em Goiânia deixou mortos e muitas pessoas com sequelas pelo resto da vida

ADILSON ROSA
Da Reportagem

A Defesa Civil investiga um incidente, supostamente com o metal césio 137, em uma empresa do Distrito Industrial, em Cuiabá. O fato, ocorrido anteontem à tarde, foi confirmado ontem pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. O Corpo de Bombeiros foi chamado na sequência, no entanto, não informou mais detalhes sobre o caso.

A secretaria informou que uma equipe de especialistas em material radiativo foi acionada e se deslocou de Goiânia para Cuiabá. Os técnicos eram esperados para ontem à tarde na Capital. Eles vão analisar o material. O cilindro e o local foram lacrados e estão à espera dos especialistas.

Não há informações de que alguém tenha sido atingido pelo material radiativo. Não se tem notícias do acionamento de ambulâncias para o local. Por motivo de segurança, os bombeiros não informaram o nome da fábrica em que ocorreu o incidente.

O césio 137 tornou-se conhecido no Brasil em 1987, com a contaminação por radioatividade ocorrida em Goiânia, que deixou mortos e pessoas com seqüelas para o resto da vida.

A contaminação teve início em 13 de setembro daquele ano, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no Setor Central de Goiânia. O acidente foi classificado como nível 5 (com consequências de longo alcance) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, que vai de zero a sete, onde o menor valor corresponde a um desvio, sem significação para segurança, enquanto no outro extremo estão localizados os acidentes graves.

O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro-velho, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O caso com o césio 137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio – um sal obtido a partir do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico que, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa protetora possuía uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.

Quatro pessoas morreram nos primeiros dias após o contato com o produto. Este é o número oficial de mortes considerado pela Secretaria da Saúde do Estado de Goiás, que tem hoje 943 vítimas cadastradas para receber acompanhamento.

Mas a Associação de Vítimas do Césio-137 estima que o acidente tenha causado 81 mortes, e contaminado ou irradiado outras 1,5 mil pessoas – incluindo militares, bombeiros e profissionais de saúde que entraram em cena para remediar o acidente. 

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