Publicado em 28 de janeiro de 2014 na Agência Social.
Integrantes da Coalizão por Um Brasil Livres de Usinas Nucleares – Xô Nuclear – estiveram no Fórum Social Temático 2014, em Porto Alegre, para conversar com os participantes e coletar assinaturas para a lei de iniciativa popular contra usinas nucleares no país.
Durante dois dias (sexta, 24 e sábado, 25), faixas foram erguidas no Gasômetro para interagir com os participantes do FST e explicar os riscos do desenvolvimento nuclear para o Brasil, que atualmente produz energia em duas Usinas – Angra 1 e Angra 2, está concluindo as obras da Angra 3 e possui projetos para implementação de uma nova usina no norte de Minas Gerais.
Embora poucas pessoas estejam informadas sobre os riscos da utilização da energia nuclear “é muito interessante que colhemos um grande número de assinaturas”, afirma o integrante da coalizão Chico Whitaker.
Lixo nuclear
Além dos riscos de explosão e contaminação radioativa, outro grande problema da produção de energia nuclear é o resíduo chamado lixo atômico. Sem a possibilidade de descarte adequado após ser utilizado para produzir a energia, o lixo atômico (formado essencialmente por urânio e plutônio) deve ser eternamente mantido dentro de uma “piscina congelada” sobre o risco de explosão caso a temperatura oscile.
A França, o país que mais depende da energia nuclear no mundo, representando 70% de seu consumo total, está rediscutindo e pensando em alternativas viáveis, principalmente pela falta de destinação para o lixo nuclear.
Balanço positivo em Porto Alegre
“Eu saio daqui animado principalmente com o aumento da consciência das pessoas sobre o que está acontecendo no mundo, sobre esta loucura, principalmente com nossa frase ‘Fukushima nunca mais, nem lá, nem aqui’”, completa Whitaker.
Os interessados em ajudar a iniciativa popular por Um Brasil Livre de Usinas Nucleares podem acessar o site da Coalizão e imprimir o texto e formulário de assinaturas. São necessárias 1,3 milhão de assinaturas para encaminhar a proposta ao congresso.
Manifesto da Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares
São notórias as razões da inconveniência de prosseguir investindo nessa modalidade de energia:
1 – Nenhum cientista afirmou nem pode afirmar que a segurança de um reator nuclear é absoluta. Erros humanos. falhas técnicas, acidentes naturais ocorreram em Three Mile Island, Chernobyl e Fukushima. As populações vizinhas sofreram os males das radiações, o mesmo acontecendo com seus descendentes. Por que lançar em Angra dos Reis ou em qualquer outro ponto do território brasileiro essa mesma ameaça?
2 – A usina nuclear não é limpa. Todo reator produz rejeitos que continuarão radioativos por milhares de anos. Até o presente, não houve solução segura para o problema de armazenar o lixo atômico.
3 – A energia nuclear não é barata. Angra 3 custará, no mínimo, 8 bilhões de reais. Sendo curto o seu tempo de operação (20 a 25 anos), será preciso desativá-la e desmontá-la, o que importa o dispêndio de somas consideráveis. Para o consumidor, as tarifas serão mais altas do que as calculadas para a energia provinda de fontes eólicas, solares ou derivadas da biomassa.
4 – A decisão de construir usinas nucleares no Brasil foi antidemocrática. A população em geral e os vizinhos dos reatores em particular não tiveram oportunidade de manifestar-se. Na Itália um recente referendum popular rejeitou maciçamente o programa nuclear do governo. E no Brasil?
5 – A Alemanha suspendeu o seu programa energético nuclear depois do desastre de Fukushima. Se em um país que não tem os recursos naturais do Brasil a construção de usinas foi considerada desnecessária, por que não poderemos lutar para que em nosso país se incentivem formas de energia renováveis. limpas e seguras?