Capixabas correm riscos com a construção de usina nuclear, afirma ambientalista

Os capixabas correm risco com a instalação de uma usina nuclear. E vão lutar contra o projeto, afirmou nesta segunda-feira (18) o presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Mário Camilo.
Na final da década de 70, os capixabas começaram uma grande batalha contra a implantação de uma usina nuclear em Aracruz, norte do Estado. Em plena ditadura militar, foram realizados atos públicos em Vitória, e saiu uma carreata da  Grande Vitória para manifestação em Aracruz. Foram fretados ônibus, com passagem gratuita, para transporte de pessoas da comunidade.
O  projeto não foi tocado, e o governo anunciou no início da de 80 que sua prioridade eram as usinas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
É a este movimento que o presidente da Acapema se refere para  afirmar que os  capixabas têm tradição na resistência à energia nuclear. Mário Camilo lembra que nem em países como Estados Unidos da América, Rússia e Japão, onde o domínio da tecnologia nuclear é antigo, se conseguiu evitar grandes desastres com as usinas nucleares. Quanto mais no Brasil, questiona.
A retomada do tema energia nuclear no Espírito Santo para construção de uma usina ocorreu com publicação em PetroNotícias. O texto reporta à tese da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), de que o Brasil tem necessidade de construir pelo menos  12 usinas nucleares até 2050. A proposta conta com o apoio do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga.
O Espírito Santo não tem recursos hídricos em quantidade para um projeto desta natureza, assina o presidente da Acapema. Lembra que os grandes projetos, como das usinas de pelotização, siderurgia e celulose, já se apropriaram de toda a água do Espírito Santo. E existem novos empreendimentos, todos vorazes consumidores de água, como a siderúrgica da Vale, em Anchieta.
Mário Camilo também lembra que o Espírito Santo tem energia suficiente. E que o governo federal não consegue tocar sequer os projetos hidroelétricos, quanto mais  novos projetos de usinas nucleares.
Também lembra que o ciclo nuclear aberto pelo governo militar tinha em vista colocar o Brasil no grupo de países com domínio da tecnologia nuclear. Para isto, comprou tecnologia da Alemanha a preço de ouro. Mas já se tratava de tecnologia ultrapassada à época.
O presidente da Acapema também cita a relação custo/benefício da energia nuclear. Trata-se de uma energia cara, com manutenção complexa do sistema. Mário Camilo não tem dúvidas de que tais projetos colocam a população em risco. E afirma que os capixabas não vão aceitar uma coisa destas. Se insistirem com os projetos nucleares, os capixabas voltarão às ruas.
No site que defende as novas usinas,  é sugerido que os próprios governos do Espírito Santo, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, com potencial para receber as novas usinas  nucleares, se manifestem a favor dos projetos.
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