O operador da central nuclear acidentada de Fukushima, no Japão, indicou hoje não excluir que uma nova contaminação de arrozais, a 20 quilómetros do local, possa ter sido causada pela limpeza do reator três, efetuada no ano passado.
“Esta possibilidade existe, não podemos afastá-la mesmo sem ter sido provada”, declarou à agência noticiosa francesa AFP um porta-voz da Tokyo Electric Power (TEPCO).
A mesma fonte indicou que o Ministério da Agricultura japonês discutiu esta hipótese com a TEPCO no início de março e pediu à companhia para reforçar as disposições definidas para evitar que as poeiras radioativas se espalhem pelo local, durante os trabalhos de extração dos escombros, situados por cima dos reatores.
Os edifícios de três das seis secções do local ficaram destruídos nas explosões de hidrogénio registadas nos dias a seguir ao acidente, desencadeado a 11 de março de 2011 pelo gigantesco maremoto de magnitude 9 no nordeste do arquipélago.
Uma floresta de ferros ocupou a parte superior do reator 3 até ao verão passado, durante o qual decorreram os trabalhos de limpeza.
Algum tempo depois, o arroz colhido em 14 locais na região de Minamisoma, a cerca de 20 quilómetros, apresentava um nível de contaminação de césio radioativo superior ao limite legal de mais de 100 becquerels por quilograma (unidade de medida internacional para a radioatividade).
“Reforçámos a segurança e a forma como tentamos impedir a dispersão de poeiras radiotivas”, garantiu o porta-voz da TEPCO, antecipando as medidas a tomar durante os trabalhos de limpeza no nível superior ao reator 1, previstos para começar em breve.
No atual caso, nem o ministério da Agricultura, nem a TEPCO avisaram as autoridades municipais de Minamisoma dos possíveis riscos neste tipo de intervenção.
“Eles tinham o dever de dar explicações ao município”, queixou-se um responsável de Minamisoma à cadeia de televisão pública NHK.
“Queremos que, a partir de agora, eles identifiquem a causa exata deste problema e tomem as disposições necessárias para o resolver”, acrescentou.
Os alimentos produzidos na região de Fukushima são controlados, na totalidade ou, mais frequentemente, através de amostras: quando a dose de césio radioativo ultrapassa os 100 becquerels/kg, são retirados dos circuitos comerciais.