Publicado em 13 de janeiro de 2014 no R7.
Em março de 2011, o mundo ficou horrorizado com a força do tsunami que devastou o nordeste do Japão, após o forte terremoto de nove graus que abalou a região.
A catástrofe natural, que deixou mais de 20 mil mortos, foi acompanhada de um desastre nuclear, quando os reatores da usina de Fukushima — situada em Província de mesmo nome — foram atingidos, espalhando elementos radioativos no ar e no oceano.
Passados quase três anos, a tragédia ainda não foi superada pelos japoneses. Enquanto autoridades e cientistas tentam interromper o vazamento nos reatores (que continua até hoje), as cidades da Província, abandonadas, se tornaram lugares-fantasma.
Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, várias cidades do Estado de Fukushima foram abandonadas aos poucos por seus moradores. Uma delas é Namie (foto), a 280 km a nordeste de Tóquio.
Por causa dos altos níveis de radiação na região, os cerca de 21 mil moradores estão impedidos de voltar para a cidade. Lojas, casas e ruas permanecem vazias, com exceção para a delegacia local.
Como em um filme pós-apocalíptico de Hollywood, a cidade está com gramas e ervas daninhas crescendo por toda a parte
Além de Namie, outras cidades vivem o mesmo dilema, segundo o The Guardian. Tomioka (foto), Okuma, Futaba, por exemplo, também estão dentro da zona de proibição, num raio de 32 km ao redor da usina de Fukushima. Seus moradores não sabem quando, ou se um dia poderão voltar para suas casas.
O processo de manutenção da usina, que ainda sofre problemas de contaminação, deve levar 40 anos
Após a catástrofe ambiental, os moradores de Fukushima vêm enfrentando uma tragédia diária. No ano passado, a região foi dividida em três zonas, indo da com mais nível de radiação para a com índices mais baixos. Na pior área, o retorno já está descartado para antes de 2017.
Moradores suspeitam que o governo já sabe que algumas cidades jamais serão habitadas novamente, mas que se recusa a admitir isso
Autoridades afirmam que o mais complicado é a descontaminação. “Para limpar uma casa e um jardim leva de 10 a 14 dias”, diz Hiroshi Murata, chefe da vigilância em Odaka, distrito no município de Minamisoma, que está fora da zona de restrição.
— Nós temos de remover o solo, cortar as árvores, lavar o telhado, limpar o encanamento. Os proprietários são responsáveis pela limpeza interna das casas, enquanto o governo se encarrega do resto
O vice-prefeito de Minamisoma, Tetsurou Eguchi, diz que a limpeza da área vai levar ainda mais seis anos, ao custo de R$ 7,7 bilhões (350 bilhões de ienes). Eguchi ressalta ao Guardian que o trabalho mais árduo é o de descontaminação.
— Basicamente, a contaminação não está mais no ar, mas no solo. (…) As pessoas não acreditam que é seguro visitar aqui. Não acreditam nos nossos produtos, nos nossos estoques, não acreditam que nossos peixes são seguros. Isso vai levar muito tempo para mudar