Publicado em 4 de maio de 2013 no Terra.
Buenos Aires (NA) – Uma grande quantidade de material contaminado de Chernobyl foi encontrado nos últimos dias na Argentina. São objetos muito perigosos, que foram introduzidos ilegalmente e oferecidos pela internet ou por vendedores ambulantes.
A venda é feita por grupos mafiosos que se dedicam a saquear casas e edifícios abandonados da cidade, levando roupas, móveis e qualquer objeto que possa ser vendido.
Um relatório publicado pelo Diário Popular lembrou do acidente ocorrido na central nuclear de Chernobyl, que ocorreu em 26 de abril de 1986 e que foi considerado um dos maiores desastres ambientais da história. A radiação emitida nesse acidente foi 500 vezes superior ao registrado na bomba atômica lançada sobre Hiroshima pelos Estados Unidos.
Logo após o acidente, mais de 400 vilas foram evacuadas e, nos últimos anos, surgiram esses grupos dedicados a saquear as casas abandonadas à procura de itens a serem posteriormente vendidos. O licenciado em Segurança, Luis Vicat, explicou essa situação perigosa:
"Há grupos locais que estão comprando mercadorias da Europa, cuja origem está ligada ao desastre na ex-União Soviética", "os objetos são colocados à venda, tanto em sites quanto em barracas, em San Telmo, Plaza Lavalle ou Centennial Park, entre outros lugares".
"Estamos a falar do acidente mais radioativo da história. Toda a Europa foi afetada pela nuvem tóxica irradiada depois do ocorrido. Os moradores das imediações tiveram que tomar medidas drásticas, como eleminação dos animais e de plantações inteiras. Da mesma forma, cerca de 400 vilas da periferia da usina nuclear tiveram que ser evacuadas para proteger as pessoas".
"Nos últimos anos, esses espaços que foram absolutamente proibidos, começaram a ser invadidos por grupos que saqueiam casas e prédios abandonados", disse o especialista.
“À medida que a população dessas localidades foi sendo transferida, os grupos vinham levando tudo, desde móveis e louças, a roupas, jóias, tudo", disse Vicat. "Isso vai para todo o planeta, incluindo nossa região, onde os itens chegam ilegalmente, sem controle, e começam a ser vendidos em pequenas quantidades", acrescentou.
“Foram encontrados brincos, medalhas, objetos militares de diferentes tipos nestas áreas. A prevenção é muito difícil, porque as pessoas compram esses itens de boa-fé, sem saber que podem estar contaminados e serem perigosos para a saúde. Há anéis, chaveiros, relógios, muita coisa. Frequentemente nem o próprio vendedor tem conhecimento da origem", disse.
Para o especialista, "o controle sobre esse comércio é muito complexo de se realizar, mas é importante ficarmos atentos na compra de objetos usados, porque a radiação em objetos podem provocar danos reais à saúde".
Segundo o relatório, a primeira coisa a considerar é que quando uma célula recebe radiação, sofre distintas alterações, que podem ser mais ou menos intensa, dependendo da dose recebida e do tipo do item.
As doenças mais comuns causadas pelo excesso de radiação são o câncer, os distúrbios gastrointestinais, alterações na medula óssea, assim como alterações no aparato reprodutor (infertilidade, deformações) e o enfraquecimento do sistema imunológico.
Os maiores riscos são nas mulheres, pois os espermatozóides se regeneram completamente a cada 90 dias, enquanto que os óvulos permanecem nos ovários durante toda a vida e se um óvulo é alterado por radiação e subsequentemente fertilizado, irá produzir deformações no feto, mesmo durante anos depois.
No caso de contágio por inalação, só é efetivo ingerir comprimidos de iodo. A tiróide vai eliminando o excesso de iodo e, desta forma, quando se satura de iodo normal, o corpo pode ir eliminando o iodo radioativo inalado.
Se o contato é através da pele, elimina-se lavando com detergente o corpo, o cabelo e as unhas, e descartando as roupas. Em geral, os efeitos da radiação são cumulativos e uma exposição, ainda que pequena é bastante perigosa.