Publicado em 08 de agosto de 2012 no Opera Mundi.
Tanques das instalações apresentam fissuras; país abandonará matriz nuclear em 2025
A central nuclear de Doel, na Bélgica, próxima a Antuérpia
O governo da Bélgica está em alerta após um relatório da AFCN (Agência Federal de Controle Nuclear, na sigla em francês) ter apontado falhas na segurança de dois reatores nucleares no país. Os resultados ainda não são definitivos, e as instalações estão sendo submetidas a testes. Segundo o governo, os problemas encontrados não representam qualquer risco à população.
De acordo com o documento do órgão regulador, o reator 3 da central nuclear de Doel (segunda maior do país), que já se encontrava paralisado desde junho para manutenção, apresenta “fissuras potenciais” em seu tanque. Por essa razão, ele ficará fechado “pelo menos até o dia 31 de agosto”. O reator está localizado a 25 quilômetros de Antuérpia, segunda maior cidade da Bélgica.
A AFCN também colocou dúvidas sobre a manutenção do tanque de aço do reator 2 em Tihange (maior usina belga), situado ao sul do país, próximo de Liège. Antes da conclusão do relatório, Tihange 2 se preparava para entrar em paralisação na próxima semana, quando seria mantido em manutenção por um longo período de manutenção e submetido a testes complementares. Portanto, segundo o Ministério de Energia, essas eventuais paralisações não acarretarão em problemas de fornecimento energético.
O diretor-geral da agência, Willy de Roovere, afirmou que as duas instalações foram construídas pela mesma empresa, a holandesa Rotterdam Drydocks, que já encerrou suas atividades e construiu 21 tanques de reatores em todo o mundo. O reator é administrado pela empresa Electrabel, filial da francesa GDF Suez.
A agência tem autoridade para fechar em definitivo qualquer instalação. Em nota, ela afirma que não exclui a possibilidade de anunciar o fim das atividades de Doel 3, casoseu funcionamento apresente o mínimo de risco. A ministra do Interior, Joelle Milquet, afirmou que não haverá paralisação de Doel 3 enquanto os resultados definitivos não forem concluídos.
Segundo a agência belga, um eventual conserto do tanque é praticamente impossível e não recomendado, pois “tal operação poderia causar novas tensões na parede do vaso”. Tampouco se cogita a simples reposição, pois além de perigosa, “em razão da radiação, nunca foi realizada em qualquer parte do mundo”.
Perigo
A agência garantiu que o incidente não terá qualquer impacto sobre a saúde dos trabalhadores, a vizinhança ou o meio-ambiente, já que Doel 3 se encontra temporariamente fora de atividade, e assim permanecerá até o fim das investigações. O combustível nuclear também já havia sido esvaziado da instalação.
A Bélgica tem um programa abandono progressivo de utilização da energia nuclear, que ocorreria entre os anos de 2016 a 2025. No entanto, segundo Roovere, o incidente pode fazer com que esse calendário seja antecipado.
A central nuclear de Doel está programada para encerrar suas atividades em dez anos, segundo o programa de governo. A energia atômica é responsável por aproximadamente 50% da matriz energética belga.