Publicado em 12 de setembro de 2011 no O Globo
PARIS – Uma explosão na instalação nuclear de Marcoule, na região de Gard, no Sul da França, matou ao menos uma pessoa e deixou outras quatro feridas, uma em estado grave. Segundo a agência nuclear francesa ASN, inicialmente não houve vazamento de material radioativo para fora do local do acidente. A instalação de Marcoule não possui reatores e é usada apenas para o manejo de resíduos nucleares.
A explosão aconteceu em um forno usado para derreter resíduos metálicos de baixa radioatividade. Um incêndio causado pelo acidente foi controlado pouco depois. Bombeiros e a polícia chegaram a isolar a área da instalação, onde trabalham cerca de 3.500 pessoas.
As causas da explosão ainda são investigadas. A instalação nuclear está localizada em Langedoc Roussillon, perto do Mar Mediterrâneo, região de atividade agrícola que atrai turistas.
Um porta-voz da empresa EDF, responsável pelo complexo, disse que o ocorrido deve ser classificado como acidente industrial, e não como acidente nuclear. Segundo um jornalista de uma rádio que foi ao local, não havia sinais de fumaça após a explosão.
A instalação está em funcionamento desde 1956 e abrigou os primeiros experimentos industriais e militares com plutônio. Hoje, o local é usado basicamente para produzir materiais para reciclagem de combustível nuclear.
AIEA espera mais informações da França
A Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA, na sigla em inglês) está levantando informações sobre o caso. Segundo o diretor-geral da agência da ONU, Yukiya Amano, o centro de incidentes e emergências da organização foi ativado e pediu mais dados a autoridades francesas.
A AIEA espera aprovar ainda esta semana um plano de ação para aumentar a segurança de centrais nucleares. A confiança nas instalações foi abalada pela crise no Japão, onde o terremoto seguido de tsunami em março provocou vazamentos na usina de Fukushima.
A agência da ONU foi alvo de críticas no início da crise japonesa por ter divulgado dados errados sobre o pior acidente nuclear desde a tragédia de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. A França é o país mais dependente de energia nuclear no mundo. Todos os 58 reatores nucleares do país passaram por testes depois do acidente no Japão.
O governo francês manteve, no entanto, total apoio ao uso deste tipo de energia. A crise japonesa fez a Alemanha anunciar o desligamento de suas usinas nucleares até 2022. A Itália, que abandonou a energia nuclear em 1987, enterrou planos de construir quatro centrais nucleares.